UGT: Iniciativa do Governo é positiva mas 'não resolve o problema'

O secretário-geral da UGT, João Proença, considerou hoje que a iniciativa do Governo destinada à criação do emprego jovem em Portugal é positiva, mas «não resolve o problema».

«Isto não resolve o problema do emprego jovem, mas poderá atenuar fortemente o desemprego dos jovens se for uma medida bem conduzida», disse João Proença aos jornalistas no final de um encontro com o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, destinado a debater soluções para os jovens desempregados, cuja taxa ultrapassava, no final do ano passado, os 35 por cento.

Neste primeiro encontro com o ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, no âmbito do novo cargo de coordenador da Comissão Interministerial de Criação de Emprego e Formação Jovem, a UGT deixou três propostas concretas destinadas a «três públicos alvo».

Em destaque, segundo João Proença, estão «os jovens com abandono escolar e sem escolaridade obrigatória, para os quais tem de haver medidas de dupla certificação».

É igualmente necessário encontrar soluções para «aqueles que não têm qualificação profissional, mas têm escolaridade obrigatória e tem de haver uma medida de qualificação profissional».

Por último, João Proença defendeu medidas destinadas «àqueles que já têm habilitações», que deverão passar por «desde o programa de estágios, orientado para promover a integração de quadros nas PME, mas também programas orientados para a reclassificação a nível universitário de licenciaturas com difícil empregabilidade».

Relativamente aos incentivos financeiros, segundo o secretário-geral da UGT, o Governo terá falado de uma melhor redistribuição dos fundos europeus, nomeadamente, do Fundo Social Europeu, que poderá despender cerca de 1,6 milhões de euros.

A taxa de desemprego dos 15 aos 24 anos atingia os 35,4 por cento no final de 2011, segundo números divulgados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que revelam que houve uma subida significativa no quarto trimestre de 2011, chegando aos 14 por cento, mas o aumento foi ainda mais expressivo entre os mais jovens.

No segundo trimestre de 2011, o desemprego jovem estava nos 27 por cento; no terceiro, passou para 30 por cento; no quarto, deu um 'salto' de mais de cinco pontos percentuais, para 35,4 por cento, o que significa que há agora, segundo os números do INE, 156 mil jovens desempregados, mais de um terço do total deste grupo etário.

É com este pano de fundo que o ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares se reune hoje com os parceiros sociais.

A Comissão Interministerial integra 12 secretários de Estado, nomeadamente o do Emprego, o da Administração Pública e o dos Assuntos Europeus. De acordo com um comunicado do gabinete do ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, o Governo «compromete-se a apresentar medidas concretas para combater o desemprego jovem».

Portugal receberá nas próximas semanas a visita de uma «equipa de acção» da Comissão Europeia destinada a estudar a forma de utilizar fundos comunitários para reduzir o desemprego jovem.

Esta iniciativa foi lançada pelo presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, durante o Conselho Europeu de janeiro, e visa reduzir o desemprego jovem nos oito países da União com taxas mais elevadas. Na definição europeia da taxa de desemprego jovem, Grécia e Espanha têm as taxas mais altas, quase nos 50 por cento, e Portugal é o terceiro país com mais jovens desempregados, acima dos 35 por cento.

A Comissão liderada por Miguel Relvas deverá «enquadrar as políticas de juventude de uma forma global e articulada», agilizar os mecanismos de apoio às PME, ao nível de fundos da União Europeia, de modo a «aumentar as oportunidades de emprego para os jovens».


Lusa/SOL