Cartão de cidadão contactless pode ser aprovado antes do fim da legislatura

Secretário de Estado da Digitalização diz que Portugal tem "uma carteira de documentos digitais ímpar na Europa".

"Estamos a poucos meses de lançarmos o novo Cartão do Cidadão", revelou Mário Campolargo, secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa em entrevista ao Dinheiro Vivo na Web Summit. Um cartão físico com mais elementos de segurança e que se "alinha com os melhores parâmetros e standards europeus necessários". A grande novidade é que é um Cartão do Cidadão contactless, "o que permite uma utilização mais fácil, mais intuitiva, mais direta, num conjunto de aplicações que vamos desenvolver ao longo do tempo".

A Lei do Cartão do Cidadão, revelou o secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, já foi aprovada em Conselho de Ministros. Na mesma altura, acrescentou o governante, foram igualmente aprovadas todas as "novidades que o Cartão do Cidadão traz". O documento "está na Assembleia da República" e a esperança de Mário Campolargo é que seja aprovado ainda antes da dissolução do Parlamento.

Transição para o digital
Todos os dias utilizamos o telemóvel para fazer cada vez mais operações. Nada que preocupe Mário Campolargo, que considera esta situação como "uma tendência natural de uma sociedade que está em transição para o digital". Um movimento que não deve ser encarado como uma ameaça. Pelo contrário. "O Estado tem de ser líder nessa dimensão, de digitalizar os serviços."

Ou, por outras palavras, "trazer a Loja do Cidadão para o telemóvel". Algo que já está a ser feito. "Temos uma carteira de documentos digitais ímpar na Europa", afirmou Mário Campolargo referindo-se ao id.gov.pt que, em conjunto com a chave móvel digital, "é verdadeiramente um catalisador da digitalização e da nossa relação com a administração pública", considera.

O governante deu como exemplo a relação que hoje existe entre a Administração Pública e os cidadãos, com uma maior proatividade dos serviços públicos, por exemplo, notificando-os sempre que é necessário revalidar algum documento. "Até há cerca de ano e meio não informávamos as pessoas que tinham uma Carta de Condução para revalidar." Hoje isso é feito através de SMS. Mas só isso não chega. E a novidade é que agora a mensagem chega por notificação e, a partir do momento "em que carregam na notificação, toda a informação que está contextualizada nos nossos registos nacionais de notários, não necessita de ser novamente escrita". Uma espécie de "assistente virtual que nos guia através da nossa relação", baseado em "Inteligência Artificial generativa, que nos permite ter um diálogo em linguagem natural.

Mário Campolargo avançou ainda que "cada vez mais vamos ter mais serviços disponibilizados no nosso ePortugal e no nosso telefone".

PRR e os apoios às startups
Em jeito de balanço da atribuição de vouchers para startups, o governante diz que esta tem de ser feita de forma objetiva. Ou seja, ter em conta o número de candidaturas, sendo que "apenas a 50% das startups que concorreram" foram contempladas. Mário Campolargo acrescentou que "damos a cerca de 750 startups a possibilidade de começarem um novo produto ou novo serviço". O governante lembrou a importância das várias iniciativas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nomeadamente na "componente 16" e o facto de serem articuladas umas com as outras. "É no virtuosismo das várias componentes da C16 que está o mérito e que vamos continuar a desenvolver o ecossistema de empreendedorismo em Portugal".

Fonte: Diário de Notícias
Foto: Álvaro Isidoro/Global Imagens