Justiça. Magistrados e juízes têm novos representantes

Mudança, mas pouco. Rui Cardoso era o único candidato ao sindicato dos magistrados e Mouraz Lopes, dos juízes, foi apoiado pelo antecessor

A Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) elegeram, este fim-de-semana, novos representantes. Mas se é certo que as caras são novas, pouco deverá mudar nos dois sindicatos.

Mouraz Lopes, o novo presidente da associação de juízes, contou com o apoio do antecessor António Martins – que não se recandidatou e foi seu mandatário antes da eleição. Quanto a Rui Cardoso, o novo líder do SMMP, já era secretário-geral do sindicato e encabeçou a única lista que foi a votos.

“confiança” nOs juízes Eleito com 668 votos, José Mouraz Lopes, magistrado há 25 anos, é desembargador no Tribunal da Relação do Porto. Tem 50 anos, é natural de Nelas, tem vivido em Coimbra e já foi director-adjunto da Polícia Judiciária (PJ) – onde chegou a chefiar o combate à criminalidade económica e financeira entre 2004 e 2006. Mais ou menos na mesma altura, foi professor no Centro de Estudos Judiciários (CEJ).

Na corrida à liderança da associação sindical dos juízes teve como adversário José de Araújo Barros, do Tribunal da Relação de Guimarães, que no sábado não foi além dos 475 votos. “O nosso programa passa num primeiro momento por tentar que os cidadãos percebam que podem confiar na Justiça e, para isso, é preciso o envolvimento de todos os poderes”, garantiu logo após ser eleito.

O juiz desembargador promete ainda “dar conta aos órgãos de soberania das preocupações” dos juízes “pela situação da falta de confiança no sistema de Justiça”. Até porque, acrescenta, em momento de “crise”, “é importante que as pessoas confiem nos seus juízes”.

magistrados “Mais activos” Foram as eleições mais concorridas de sempre no SMMP, mas o resultado de sábado não trouxe qualquer surpresa. O até aqui secretário-geral do sindicato, Rui Cardoso, encabeçava a lista única que foi a votos e acabou aprovado por 489 magistrados – substituindo assim João Palma, que representou a classe durante três anos e decidiu não se recandidatar, tendo mesmo apelado ao voto no seu secretário-geral.

No rescaldo da eleição, Rui Cardoso explicou que a prioridade, nos próximos tempos, será atentar na reorganização judiciária – que é uma imposição da actual tutela. “É um momento decisivo de mudança que será também importante para o Ministério Público: é o momento de partir para outras alterações no estatuto, que sejam adequadas às nossas necessidades”, disse o novo líder, acrescentando que os magistrados também procuram “um sistema de Justiça que seja célere e de qualidade”.

O novo presidente do sindicato dos magistrados, que exerce funções no Tribunal de Loures, quer ainda que o Ministério Público seja “mais activo” na detecção de crimes e na abertura de inquéritos, sobretudo no que diga respeito “aos crimes relacionados com corrupção”.

Jornal i