Apagão. Reguladores alertam para fragilidades nos serviços de telecomunicações

Relatórios da ANAC, Anacom e IMT propõem um conjunto de medidas para uma resposta mais eficaz em caso de nova crise. Ministério das Infraestruturas vai fazer "análise rigorosa" das recomendações.
Serviços de telecomunicações mais eficientes, rede elétrica mais resiliente em termos de tempo de reposição de serviço e diversificação das rotas de encaminhamento das chamadas 112 são algumas das medidas que os reguladores portugueses dos setores da aviação, comunicações e transportes propuseram ao Ministério das Infraestruturas e Habitação para que o país possa dar uma melhor resposta a uma situação de crise como o "apagão" que sucedeu a 28 de abril deste ano.
O Ministério das Infraestruturas e Habitação (MIH) divulgou esta terça-feira, dia 10 de junho, ter recebido no prazo estabelecido os relatórios sobre o impacto da interrupção do fornecimento de energia elétrica nos setores da aviação, telecomunicações e transportes, pedidos à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), à Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) e ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT).
Para além da análise ao impacto do "apagão" nos três setores, os relatórios "elencam um conjunto de recomendações e medidas, umas a aplicar no curto prazo, outras de natureza estrutural, com o objetivo comum de melhorar a resposta a cenários de crise", adiantou o MIH em comunicado.
A ANAC propôs a elaboração de planos de contingência para falhas de energia e de comunicações aplicáveis a todos os aeroportos, companhias aéreas e controlo de tráfego aéreo, empresas de assistência em escala e fornecedores de provisões de bordo e aeroporto. O regulador da aviação civil chamou também a atenção para a necessidade de rever os contratos com os fornecedores de serviços de telecomunicações.
Realização de simulacros conjuntos dos vários stakeholders aeroportuários para falhas tecnológicas e energéticas e priorizar a alimentação elétrica por fontes que não dependam de combustível são outras das medidas defendidas pela ANAC para responder a um futuro "apagão".
Já a ANACOM recomendou a avaliação da autonomia dos sistemas de energia de socorro e emergência e definição de tempo mínimo de autonomia para os vários elementos das redes. O regulador do setor das comunicações defendeu também "a utilização de sistemas de energia baseados em fontes renováveis, para aumentar a autonomia dos cell sites em termos de energia socorrida, reduzindo a necessidade de instalação de baterias adicionais".
Para a ANACOM, deverá ser criada uma ligação direta de todos os operadores móveis aos Ponto de Atendimento de Segurança Pública (PASP) e diversificação das rotas de encaminhamento das chamadas 112. A autoridade do setor das comunicações recomendou ainda a elaboração de uma lista de ativos prioritários na reposição do fornecimento de energia elétrica e acesso à rede estratégica de postos de abastecimento pelas empresas de comunicações eletrónicas em situações de crise energética.
Já o IMT considerou ser "absolutamente necessário que a rede elétrica seja mais resiliente, em termos de tempo de reposição de serviço e que as comunicações GSM sejam mais resilientes, em termos de funcionamento autónomo".
No relatório, o instituto defendeu a necessidade de assumir um grau de segurança de autonomia energética mínima das entidades que operam infraestruturas críticas e serviços essenciais, sendo que esta medida deverá aplicar-se também às infraestruturas de transportes.
O IMT propôs também estudar a viabilidade de instalação de sistema de armazenamento de energia nos veículos ferroviários e metros. No caso dos comboios de passageiros e metros, poderá contribuir para o desembarque em condições de segurança, considerou.
Os três reguladores alertaram para a necessidade de realização frequente de simulacros para uma resposta mais eficaz em caso de nova crise energética.
No comunicado, o MIH diz que "fará uma análise rigorosa dos relatórios e terá em conta as recomendações e propostas elencadas pelas três entidades, com vista a uma resposta célere e eficaz".
Fonte: Diário de Notícias
Foto: Reinaldo Rodrigues