Passos Coelho está optimista, mas admite segundo resgate

Num artigo de opinião publicado hoje no Financial Times, Passos Coelho, admite que Portugal pode precisar de um novo pacote de ajuda

O primeiro-ministro escreve no artigo publicado hoje no Financial Times que está confiante no sucesso do programa de ajuda a Portugal e no regresso aos mercados em 2013, mas avisa que "em altura de incerteza" como a actual "não há garantias".

Antevendo o impacto deste artigo de opinião, Passos Coelho refere que estas palavras serão eventualmente "polémicas", mas têm que ser ditas. Até porque "há muitos factores fora de nosso controle sobre os quais ninguém pode fazer previsões com alguma certeza".

Sublinhando sempre que está "optimista" e "confiante" Pedro Passos Coelho, que hoje vai a Londres para um encontro como o seu homólogo inglês, David Cameron, diz que neste momento é necessário "também ser realista e pragmático", por isso refere que "podemos precisar do empenho dos nossos parceiros internacionais para ampliar o apoio adicional se as circunstâncias além do nosso controle obstruir nosso retorno a financiamento de mercado".

Passos Coelho volta assim a admitir que Portugal pode não conseguir voltar aos mercados na data marcada, em Setembro de 2013, e talvez venha a precisar de mais ajuda externa, tal como o tinha feito em entrevista a um jornal alemão no inicio deste mês. Estas palavras surgem numa altura em que a tensão em torno de Portugal está novamente a aumentar com os crescentes receios de que Espanha possa vir a ser o próximo paios alvo de resgate.

No artigo intitulado "Portugal vai mostrar que os cépticos estavam errados" o primeiro-ministro português começa por referir que houve uma grande especulação recentemente, sobre se Portugal irá cumprir o seu compromisso e voltar aos mercados de capitais antes de Setembro de 2013.

"Muitos analistas acreditam que não vai, e vai precisar de mais apoio financeiro - um "bailout segundo" - ou, no pior dos casos, a reestruturação da dívida". A resposta do primeiro-ministro é clara: "Eu acredito que eles estão errados", "no entanto, é importante dizer algo que soará polémico, mas na verdade não é controversa em tudo - em uma época de incerteza, não há garantias".

No mesmo artigo de opinião o primeiro-ministro reafirma o compromisso "inabalável" de Portugal em cumprir o programa de ajuda financeira. E enumera algumas das medidas mais emblemáticas do seu Governo tais como as privatizações da EDP e da REN, o fim das golden shares - na Portugal Telecom e EDP. Tal como as reformas do mercado de trabalho e sistemas de segurança social. "Promovemos um programa para impulsionar o comércio e atrair o investimento estrangeiro directo na agricultura, silvicultura, indústria, comércio e finanças".

Passos refere que já existem sinais positivos destas reformas no crescimento do comércio, com um forte desempenho das exportações. "Portugal está a ganhar quota de mercado na UE e em todo o mundo", sublinha.

O primeiro-ministro admite, no mesmo artigo, que o programa de austeridade pode prejudicar o crescimento a longo prazo, mas lembra que o "equilíbrio fiscal e externo são condições prévias para o crescimento sustentável, concorrência e criação de emprego".

No fim do artigo o primeiro-ministro volta a referir que "em última análise, acreditamos que será capaz de retornar aos mercados financeiros em 2013". Mas volta a referir que "não existem garantias", assim "não podemos legislar para eventos fora do controle do nosso país".

Diário Económico