Passos justifica maior austeridade com herança mais pesada do que Governo PS dizia

O primeiro-ministro afirmou na terça-feira à noite que o Governo foi obrigado a aplicar mais medidas de austeridade para atingir os objectivos do défice para 2012 porque a situação era pior do que dizia o anterior Executivo.

«Nós não dissemos que queríamos fazer baixar o défice mais depressa e que, por isso, íamos aplicar uma dose de austeridade maior, para conseguirmos eliminar esse problema profundo. Não, nós precisámos de ir mais além para chegarmos aos mesmos objectivos», disse Pedro Passos Coelho em Setúbal.

Segundo Passos Coelho, só há «uma leitura» para o sucedido: «Se precisámos de ir mais além para chegar aos mesmos objectivos, é porque o nosso ponto de partida não era aquele que nos tinha sido comunicado pelo anterior Governo. Era muito pior».

O chefe do Governo falava a cerca de duas centenas de militantes social-democratas, numa reunião partidária da Assembleia Distrital de Setúbal do PSD.

Satisfeito com a avaliação positiva do programa de ajustamento da economia portuguesa feita pela troika constituída pelo FMI (Fundo Monetário internacional), BCE (Banco Central Europeu) e Comissão Europeia, o presidente do PSD reconheceu, no entanto, que o país continua em «situação de emergência».

«Quando o PSD ganhou as eleições e formou Governo com o CDS/PP, nós estávamos numa verdadeira situação de emergência nacional. Estávamos e estamos», acrescentou Pedro Passos Coelho, reconhecendo que «há muito trabalho por fazer, apesar das reformas estruturais já efectuadas, ou que estão em curso».

Passos Coelho referiu, entre outros exemplos, as privatizações da EDP e da REN, a nova lei da concorrência, a nova lei das falências, o novo sistema de arbitragens, a reforma do sistema judicial e as leis laborais e do arrendamento, que vão permitir uma maior mobilidade interna.

Numa intervenção em que fez um historial do percurso realizado desde que assumiu a liderança do partido, terminou com uma mensagem de esperança para os portugueses.

«Espero que os próximos anos sejam anos de que não nos venhamos a esquecer tão cedo, por podermos alcançar um patamar que não alcançámos durante muitos anos», disse.

«A ‘história’ que estamos hoje a fazer teria sido evitada se durante os últimos anos Portugal tivesse feito as reformas e não se tivesse endividado ao ritmo que se endividou. Mas ainda vamos a tempo de fazer um país diferente, mais democrático e mais justo para todos», concluiu o líder do PSD.

Sol