Portugal recebe hoje a troika em recessão mais profunda

Os responsáveis do FMI, da Comissão Europeia e do BCE começam hoje a terceira avaliação ao programa de resgate a Portugal.

Da última vez que Portugal produziu tão pouco em três meses estava Pedro Santana Lopes no Governo e Jorge Sampaio, então Presidente da República, não deixaria o ano terminar sem antes dissolver o Parlamento. As previsões do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia apontam para pouco mais de 39 mil milhões de euros de PIB nos últimos três meses do ano - aquele que será o pior registo desde o último trimestre de 2004.

Estas são as expectativas dos técnicos do Ministério de Álvaro Santos Pereira, divulgadas ontem, na sequência dos dados avançados pelo Instituto Nacional de Estatística. O INE adiantou ontem que a recessão no último trimestre de 2011 deverá ter atingido os 2,7%, quando comparada com o mesmo período de 2010. Face ao trimestre anterior, a contracção terá sido de 1,3% e no conjunto do ano a economia deverá ter caído 1,5% - ligeiramente menos do que os 1,6% que tinham sido antecipados pelo Banco de Portugal e pela ‘troika', e abaixo da estimativa de 1,9% de queda que foi inscrita pelo Governo no Orçamento do Estado para este ano.

Na prática, mostra o GEE, isto quer dizer que o país produziu apenas 39.388,4 milhões de euros em três meses, devendo o PIB anual ficar abaixo da barreira psicológica dos 160 mil milhões de euros (os técnicos de Santos Pereira apontam para 159.671).

"A procura interna encolheu muito, devido à queda do investimento e do consumo", explica Cristina Casalinho, economista-chefe do gabinete de ‘research' do BPI. A colocar a economia em marcha-atrás terá estado a sobretaxa de IRS, que se reflectiu logo num corte, para pouco mais de metade, do subsídio de Natal dos trabalhadores por conta de outrem. "Mas não só", garante a especialista. O acordo com a ‘troika' foi assinado em Maio, mas a constatação de que o problema da economia portuguesa levará tempo a ser resolvido só chegou mais tarde.

Diário Económico