Abstenção alcançou valor mais baixo desde 1999 e Parlamento terá 76 mulheres, menos do que em 2022

A AD somou 79 deputados contra 77 do PS, quando estão por apurar os quatro deputados do círculo da emigração. Perante esta curta vantagem, o presidente PSD disse ter a "fundada expectativa" de ser indigitado primeiro-ministro. Luís Montenegro reiterou que cumprirá a sua palavra de não fazer entendimentos com o Chega.

ADN pode ter "custado" deputados à AD em Viseu e Lisboa
A Alternativa Democrática Nacional (ADN) multiplicou por dez o seu resultado de 2022, uma votação surpreendente nas legislativas de domingo que poderá ter custado deputados em pelo menos dois distritos à Aliança Democrática (AD).

Nas eleições de domingo, muitos eleitores relataram ter confundido os símbolos da AD e do ADN, que teve um resultado histórico, nomeadamente em distritos do interior onde o PSD e o CDS têm habitualmente bons resultados.

Em Viseu, o ADN teve 3,13% dos votos, passando de 188 boletins em 2022 para 6.615 no domingo. Somando a diferença desse valor à AD e aplicando o método de Hondt -- que define a proporcionalidade da distribuição dos mandatos em Portugal -, a coligação do PSD, CDS e PPM teria obtido mais um deputado, à custa de um eleito do PS.

Cenário semelhante poderia acontecer em Lisboa, onde o ADN teve 1,45% (19.067 votos), um valor que, descontando o resultado de 2022 (3.249 votos), iria dar a vitória à AD no círculo da capital e o 48.º mandato, com o PS a perder um deputado.

O ADN teve resultados acima da sua média nacional (1,63%) em círculos onde a AD tem força eleitoral como Bragança (2,18%), Guarda (2,56%), Vila Real (2,95%), Braga (1,79%) ou Porto (1,76%).

Durante o dia eleitoral AD e ADN apresentaram queixas junto da Comissão Nacional de Eleições (CNE) pela semelhança das designações nos boletins de voto.

Num comunicado dirigido à CNE, a direção de campanha nacional da AD alertou que tem recebido "inúmeros relatos" de pedidos de repetição do voto.

Questionado sobre queixas e pedidos de repetição do voto, o porta-voz da CNE afirmou que "são muito pontuais", indicando que "a repetição do voto é possível se a pessoa se enganou" antes de depositar o boletim na urna.

"O boletim é anulado, dão-lhe outro e ela vota com deve ser", indicou Fernando Anastácio.

Já o ADN apresentou uma queixa à CNE contra a AD, criticando a publicidade através dos meios de comunicação "com a desculpa" de enganos entre as duas formações.

"A campanha eleitoral serviu para clarificar essas situações, pelo que, usar este subterfúgio ridículo apenas para tentar cativar eleitores a irem votar na AD e denegrir o ADN é inaceitável", afirmou o partido ADN, em comunicado, acusando a coligação de interferência eleitoral.

Fonte: Diário de Notícias