Passos admite ajustamento ao acordo da troika

O primeiro-ministro, pela primeira vez, deixou dúvidas quanto à necessidade de Portugal recorrer a um ajustamento do resgate.

Pedro Passos Coelho admitiu a possibilidade de uma revisão dos termos do resgate a Portugal, numa altura em que a missão da 'troika' se encontra no País a avaliar o programa de ajustamento. Isto depois de nos últimos meses ter garantido que o programa português não precisa de qualquer ajustamento. No debate quinzenal, na sexta-feira, Passos Coelho voltou a dizer que "o Governo não vai pedir nem mais dinheiro, nem tempo".

"Quando aparecem algumas vozes socialistas preocupadas por o ministro das Finanças da Alemanha ter vindo dizer que, se nós precisássemos depois de algum ajustamento, que a Alemanha lá estará para nos ajudar, esquecem o essencial. Nós não sabemos se precisaremos disso ou não. Esperamos que não. Esperamos poder pôr as nossas contas em ordem na altura devida, com o apoio que nos deram. Mas sabemos que se alguma coisa não correr bem lá fora e isso nos possa vir a impor um custo maior que há muita gente que acredita no trabalho que estamos a fazer", afirmou hoje Passos Coelho, citado pela Lusa.

Apesar do actual momento de crise, o líder português, que falava num encontro com militantes, na Guarda, disse acreditar em Portugal e na Europa. "Não tenho uma mensagem mais forte para Portugal hoje, que não seja a de dizer: eu acredito no meu País, eu acredito na Europa", disse, sublinhando que "a confiança externa no País é hoje muito maior" e os resultados das medidas tomadas "já são visíveis".

O primeiro-ministro sublinhou ainda que o Governo enfrentou os problemas do País e procurou soluções. "Não podemos andar a varrer os problemas para debaixo do tapete e fazer de conta que as dificuldades não são muitas. Pareceria de tolos. Já houve tempo em que os portugueses ouviam os seus governantes falar e perguntavam-se onde é que aquela gente viveria, se não teriam noção" das dificuldades, observou, reconhecendo ter conhecimento da existência de portugueses "que estão a viver momentos muito difíceis".

Diário Económico